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Fonte: KAPANDJI, 2000. |
Tente realizar:
1º - Membro superior vertical ao longo do corpo
2º - Palma da mão girada para dentro (polegar apontando para frente)
3º - Realize uma abdução de ombro sem permitir que o eixo longitunial do membro superior saia do plano frontal
4º Em seguida, faça uma extensão relativa (traga o membro superior novamente para a lateral do corpo pela frente) mantendo o membro superior no plano sagital.
E aí, o que aconteceu? A PALMA DA MÃO ESTÁ GIRADA PARA FORA E O POLEGAR APONTANDO PARA TRÁS?!!! Muito prazer: PARADOXO DE CODMAN!
Agora experimente fazer o caminho inverso: a partir da posição final retorne à inicial.
Polegar novamente apontando para frente e palma da mão voltada para a coxa?!!! rsrsrsrsrs
Mas por que isso acontece???
Neste duplo movimento de abdução seguido por uma extensão, se produz AUTOMATICAMENTE uma rotação interna de 180º (1º caso): um movimento sucessivo em torno de dois dos eixos do ombro dirige mecanicamente e involuntariamente um movimento ao redor do eixo longitudinal do membro superior. É o que Mac Conaill denominou rotação conjunta, que aparece num movimento diacodal, isto é, realizado sucessivamente em torno dos dois eixos de uma articulação com dois graus de liberdade. Neste exemplo, a articulação do ombro, que possui três graus de liberdade, é utilizada como uma articulação de dois eixos.
Se utilizarmos o terceiro eixo para realizar, voluntária e simultaneamente, uma rotação inversa de 180º, desta vez, a mão retorna à posição de partida, o polegar apontando para a frente, depois de descrever um ciclo ergonômico; tais ciclos se utilizam com frequência nos gestos profissionais ou esportivos repetidos, por exemplo na natação. Esta rotação longitudinal voluntária que Mac Conaill denomina rotação adjunta, só é viável em articulações com três graus de liberdade e é indispensável durante o ciclo ergonômico. Para demonstrar isso: a partir da posição anatômica, em rotação interna de ombro, com a palma da mão girada para fora e o polegar para trás, realize abdução até os 180º. Note que a partir dos 90º de abdução o movimento fica bloqueado e é necessário realizar uma rotação externa para darmos continuidade ao movimento. De fato, causas anatômicas, tensão ligamentar e muscular, não permitem que a rotação conjunta continue no sentido da rotação interna e é necessário recorrer a uma rotação externa adjunta para anular a rotação conjunta interna e finalizar o ciclo ergonômico.
Isso explica a NECESSIDADE DE UMA ARTICULAÇÃO DE TRÊS EIXOS NA RAIZ DOS MEMBROS.
FONTE: KAPANDJI, A. I. Fisiologia Articular, volume 1: esquemas comentados de mecânica humana. São Paulo: Panamericana; Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.